Composição nutricional e biodisponibilidade de ferro, in vitro e in vivo, de cultivares de feijão-caupi biofortificadas com ferro.
Nome: LETICIA DE SOUZA SCHERRER
Data de publicação: 30/05/2023
Banca:
Nome | Papel |
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DESIRRÊ MORAIS DIAS | Examinador Externo |
CÍNTIA TOMAZ SANT’ANA | Examinador Interno |
MARIANA GRANCIERI | Examinador Interno |
NEUZA MARIA BRUNORO COSTA | Presidente |
Resumo: O feijão-caupi (Vigna unguiculata (L) Walp) é um alimento nutricionalmente rico e de consumo habitual nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Em razão destas características, ele tem sido explorado como um potencial veículo de ferro para a biofortificação, uma estratégia mundialmente conhecida de combate a carências nutricionais. Contudo, por ser um alimento de origem vegetal, é constituído por componentes que limitam a utilização do ferro não heme, reduzindo a sua biodisponibilidade. O objetivo deste estudo foi avaliar as características nutricionais e a biodisponibilidade de ferro do feijão-caupi biofortificado com ferro e convencional, in vitro e in vivo. Foram utilizadas três cultivares biofortificadas (BRS Aracê, BRS Tumucumaque e BRS Xiquexique) e uma cultivar convencional (BRS Pajeú). Foram realizadas análises físico-químicas para determinação da composição centesimal e nutricional dos feijões, além da digestão gastrointestinal simulada, para avaliação das concentrações de ferro e da atividade antioxidante. A avaliação in vitro da bioacessibilidade de ferro foi realizada em células Caco-2, e a biodisponibilidade in vivo de ferro foi avaliada utilizando o método de depleção/repleção em ratos Wistar. Além disso, no ensaio in vivo foram avaliadas as concentrações de ferritina, ferro e transferrina no soro, a expressão gênica de proteínas relativas ao metabolismo do ferro e os níveis de oxido nítrico e a capacidade antioxidante do fígado. Os resultados foram submetidos à análise da variância (ANOVA), seguidos do teste de Tukey ou de Newman-Keuls (p<0,05). Sobre a composição nutricional, destacam-se os altos teores de fibras e de proteínas de todos os feijões. Os feijões apresentaram concentrações de ferro semelhantes, porém o feijão Pajeú, em comparação às cultivares biofortificadas, apresentou maiores teores de complexantes de minerais, como compostos fenólicos, ácido fítico e taninos. O conteúdo de ferro, após digestão simulada, foi maior para cultivares biofortificadas. A razão molar fitato:ferro foi mais alta na cultivar Xiquexique (12,66), seguida pela Pajeú (11,95), Tumucumaque (11,00) e Aracê (8,64). Em células Caco-2, o índice de captação celular de ferro foi maior para o feijão Tumucumaque, similar ao feijão Aracê, e a menor para o feijão convencional Pajeú (p<0,05). Em modelo animal, o ganho de hemoglobina do grupo alimentado com feijão convencional foi o menor. O grupo alimentado com feijão Tumucumaque apresentou a melhor eficiência de regeneração da hemoglobina e valor biológico relativo. A expressão gênica e o valor sérico de ferritina e transferrina indicaram maior transporte de ferro nos animais que consumiram o feijão convencional e uma repleção incipiente dos estoques de ferro em todos os grupos. Os grupos Aracê e Tumucumaque exibiram alta capacidade antioxidante e baixo teor de óxido nítrico, no fígado, diferindo em relação a outros grupos. Portanto, os feijões biofortificados deste estudo exibiram promissora composição nutricional e biodisponibilidade de ferro, sendo vantajosos no contexto XVI da deficiência de ferro. Apesar do mesmo teor, a bioacessibilidade e biodisponibilidade de ferro foram superiores nos feijões biofortificados, destacando-se o Tumucumaque, possivelmente em razão do menor teor de compostos complexantes de minerais.