Composição nutricional, qualidade proteica, bioacessibilidade e biodisponibilidade de cálcio de linhaças germinadas marrom e dourada (Linum usitatissimum L.).
Nome: ALEXANDRE VINCO PIMENTA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 18/07/2019
Orientador:
Nome | Papel |
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ANDRE GUSTAVO VASCONCELOS COSTA | Orientador |
JOEL CAMILO SOUZA CARNEIRO | Co-orientador |
NEUZA MARIA BRUNORO COSTA | Co-orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ANDRE GUSTAVO VASCONCELOS COSTA | Orientador |
DANIELA DA SILVA OLIVEIRA | Examinador Externo |
JOEL CAMILO SOUZA CARNEIRO | Suplente Interno |
MARIA DAS GRACAS VAZ TOSTES | Examinador Externo |
MIRELLE LOMAR VIANA | Suplente Externo |
Páginas
Resumo: A germinação de sementes promove alterações na sua composição, proporcionando potenciais benefícios nutritivos e de saúde em comparação com as sementes não germinadas. O presente estudo teve por objetivo verificar a influência da germinação nas características físico-químicas, na qualidade proteica, na bioacessibilidade e na biodisponibilidade de cálcio das linhaças marrom e dourada (Linum usitatissimum L.), por meio de estudos in vitro e in vivo. A germinação das linhaças, variedades marrom e dourada, foi realizada por 48 horas, a 26 ± 2º C. Após, foi elaborada a farinha das variedades de linhaças germinadas e não germinadas, as quais foram analisadas quanto à composição centesimal, determinação de cálcio, oxalato, fitato e tanino. No estudo in vitro, as farinhas foram submetidas a um processo de digestão gastrointestinal simulado por enzimas, para avaliar a bioacessibilidade do cálcio. Para o estudo in vivo de biodisponibilidade de cálcio, foram utilizados 40 ratos machos Wistar divididos em cinco grupos: Controle (CT), Linhaça Dourada (LD), Linhaça Marrom (LM), Linhaça Dourada Germinada (LDG) e Linhaça Marrom Germinada (LMG). O estudo ocorreu durante seis semanas, sendo realizado balanço de cálcio na sexta semana para avaliação da sua biodisponibilidade. Ao final do tempo experimental, os animais foram eutanasiados, sendo coletadas amostras de sangue para análises bioquímicas e tecido ósseo femoral para análise de cálcio. Para o estudo in vivo de qualidade proteica, foram utilizados 48 ratos machos Wistar divididos em seis grupos: Aproteico (AP), CT, LD, LM, LDG e LMG. O estudo ocorreu durante duas semanas, sendo realizado balanço nitrogenado na segunda semana para avaliação da qualidade proteica. Para as análises estatísticas, foi empregado a Análise de Variância (ANOVA) two-way para os dados de caracterização físico-química, fatores antinutricionais e estudo in vitro de bioacessibilidade de cálcio, sendo que em casos de interação aplicou-se o teste de Tukey. Os estudos in vivo foram analisados por meio da ANOVA one-way, acompanhada pelo teste de Tukey. Os resultados foram apresentados em média ± desvio padrão, sendo utilizado p ≤ 0,05. A germinação proporcionou aumento no teor de lipídios e de proteínas e, redução no teor de carboidratos das linhaças. A concentração de cálcio apresenta-se superior na variedade dourada em relação à marrom. O teor de tanino não apresentou diferença estatística entre os grupos, ao passo que os teores de fitato e oxalato apresentaram redução significativa após a germinação. A germinação promoveu redução da razão molar fitato:cálcio e oxalato:cálcio, sendo que na linhaça marrom essas relações foram superiores à variedade dourada. No estudo in vitro, as linhaças germinadas apresentaram um percentual de cálcio bioacessível estatisticamente superior às respectivas amostras não germinadas. Ainda, a biodisponibilidade de cálcio foi influenciada pela variedade, sendo superior na linhaça dourada. Em relação ao estudo in vivo, verificou-se que o consumo alimentar, consumo calórico, consumo de cálcio, coeficiente de eficiência alimentar e coeficiente de eficiência calórica; bem como o peso semanal e ganho de peso total foram semelhantes para todos os grupos. Não foram observadas diferenças na ingestão, excreção (urinária e fecal) e retenção de cálcio. A germinação não influenciou o balanço de cálcio, porém a linhaça marrom germinada apresentou-se inferior ao grupo controle. Não foram observadas diferenças estatísticas nos níveis plasmáticos de cálcio, fósforo, creatinina e fosfatase alcalina. O presente estudo não evidenciou alterações na morfologia e conteúdo de cálcio dos fêmures dos animais. Os valores do Coeficiente de Eficiência Proteica (PER) não apresentaram diferença entre os grupos. No entanto, a germinação promoveu redução do Quociente de Eficiência Líquida da Proteína (NPR) e no PER e NPR relativos, ao passo que para a Digestibilidade Verdadeira (DV), apenas a linhaça marrom melhorou a digestibilidade após a germinação. Em conclusão, a germinação das linhaças promoveu aumento do conteúdo lipídico e proteico, bem como redução dos níveis de fitato e oxalato. O estudo in vitro evidenciou que a germinação aumentou a bioacessibilidade de cálcio, enquanto o estudo in vivo não influenciou na biodisponibilidade de cálcio, embora tenha apresentado efeito negativo sobre a qualidade proteica. O uso da linhaça germinada, independente da variedade, pode contribuir para aumentar o valor nutricional da dieta, sem prejuízos na homeostase de cálcio.